Ele

Ele sorria, e o mundo parecia sorrir de volta. Quem passasse, não conseguiria parar de olhá-lo e mais, acabava se deixando contagiar por sua felicidade, por aquela alegria que ela sentia ao vê-lo tão completamente feliz. Mas,  ele olhou para ela, e se voltou para os próprios braços vazios. Não conseguiu evitar um olhar angustiado e infeliz, naquele dia. Sentiu-se intimidado e agredido pelo misto de temor e sentimentos, que sentia no ar daquele silêncio.

Saber viver

Viver é bom. Viver é excitante. Viver faz bem, e na maioria das vezes não tem contra-indicações. Mas a gente sempre vive melhor, quando pensa na vida, e em nós mesmos, no que queremos para nós e no tipo de vida que pretendemos construir em torno de nós. A vida? Simplesmente a vida e nada além dela, é a experiência mais fascinante e mortal que qualquer ser humano pode vivenciar nesse correr incontrolável de segundos, minutos, horas, dias... nada é mais grandioso e impiedoso, ao mesmo tempo frágil, temporário e prazeroso do que o simples ato de existir e viver. Tudo nos é vulnerável. Essa vida não perdoa. A fragilidade do existir por vezes nos oprime, nos angustia, mas mesmo assim, tentamos ignorar tudo, e seguimos em frente. E sabe por quê? Porque, definitivamente não há coisa mais maravilhosa e indescritível no mundo, do que a sensação de estar vivo e saber viver! Por que queremos viver, e viver o tempo todo! E tirar dessa louca e fascinante aventura o máximo possível, o mais depressa possível, de todas as maneiras possíveis! Penso eu, que é mais ou menos, nesse instante que a vida nos escape por entre os dedos. Queremos tudo. Queremos correr mais depressa, saltar mais alto, experimentar todas a sensações e as que temos acabam não sendo o bastante... ‘’Viver é perigoso!’’ Já dizia, Guimarães Rosa. Mas, eu acrescentaria outra: ‘’Viver é a experiência mais solitária que o homem pode enfrentar!’’

Quero

Quero levá-lo, a um lugar distante.

Quero fazê-lo rir, sem motivo.

Quero ser sua, para todo o sempre.

Mesmo que o ‘’para sempre’’ não exista!

Não existo

Começo a conhece-me. Não existo!

Sou o intervalo entre o que desejo ser e o que os outros me fizeram ser. Ou metade desse intervalo, porque também há vida.

Sou isso, enfim...

Apague a luz, feche a porta e deixe de ter barulhos de chinelos no corredor.

Fique eu no quarto só com o grande sossego de mim mesmo.

É um universo barato.

Quase sem querer

Nem sei bem como, e quando foi. Começou assim, como começam todas as coisas, quase sem querer, quase sem que se percebesse ou entendesse exatamente porquê. Aconteceu e, quando senti e me vi, estava lá... apaixonada! Não era grande coisa. Na verdade, era algo bem pequeno até. Mas aquilo em mim foi crescendo,  e era uma coisa tão absoluta, tão inteira e intensa. Sim! Era um amor maior! Aquele tipo de entrega completa de vontades , desejos e sentidos a um único ser... que aos poucos foi devorando todos os seus outros interesses ao redor. Não! Definitivamente não era algo novo! Novo, era o que acontecia comigo de uma forma tão inesperada e louca! Nunca me sentindo assim, nunca amando assim.